domingo, 20 de fevereiro de 2011

O vizinho (pag 8)

Cheguei em casa, e havia um prato de plastico envolvildo num pedaço de papel aluminio em cima da pia, comida do restaurante da vizinha que a minha mae por pirraça, compra pra mim, mesmo sabendo que eu nao gosto. Era tudo natural, ervilhas, grelhados e pouco sal, esquentei no microondas e depois joguei fora as ervilhas e boa parte dos carboidratos, havia suco pronto de laranja na geladeira, de ontem e na sala, assitindo jornal, fiz minha refeiçao. Tirei minha calça apertada e liguei o stereo na radio rock que tocava sucessos dos anos 80. Estava num volume alto, mas meus vizinhos nao reclamam, por estarem trabalhando essa hora ou coisa parecida.
Minha calçinha era de algodao, grande e amarela meio gema de ovo, corfotavel, e pra mim, bonita.
"O mundo vai acabar, ela só quer dançaar, o mundo vai acabar, e ela só quer dançar, dançar, dançar..."
Enquanto a musica tocava eu tirava a blusa de frio que me cobria desde as 7 da manha e baguncei meu cabelo todo, joguei em cima do sofa e peguei a vassoura, coloquei a casa inteira pro ar e fui limpando tudo começando da sala. Os tapetes coloquei em cima da mesinha de centro da sala e a louça espalhada pela casa amontoei dentro da pia. Tirei os estragados e vencidos doces caloricos da geladeira e notei um bilhete da minha mae dizendo " Querida, chegarei um pouco mais tarde, espero que nao se importe e se tiver dor de cabeça, tem remedio na parte de cima do guarda-roupa onde guardo minhas joias, deixe a casa muito bem limpinha, qualquer coisa me liga 35556687". Depois de ler joguei no chão enquanto isso começava a musica Pais e filhos da legiao urbana, na primeira estrofe desliguei o radio e coloquei um cd que eu gravara de rock's como ACDC, Ramones, Pitty, etc. Aumentei ainda mais o volume e fiz da vassoura guitarra, ja esquecera da dor de cabeça. Mudei o sofa de lugar pra varrer embaixo e encontrei uma caixa de chocolate quase fazia uma das melhores marcas, comi os dois ultimos e guardei a embalagem pra usar contra a minha mae, que diz estar de dieta.
Depois de ouvir o cd com 14 faixas a sala estava quase totalmente limpa e desinfetada, até que ouvi o som da campainha ridicula que a minha mae colocou, coloquei a bata azul da minha mae que estava jogada no sofa, na maior rapidez, de traz pra frente e fui atender. Como meu quintal fica do lado de traz da casa, na frente so sobrou espaço para um pequeno jardim improvisado bem colado na casa que é rodeada por um muro alto com cacos de vidro em cima. Fui com um molho de chaves e demorei uma hora pra abrir a porta da cozinha enquanto isso a campainha tocava enlouquecidamente, depois demorei mais 1 hora pra abrir o portao, e abri com raiva e veracidade mas esqueci da corrente de cima que travou a porta e me deixou só numa brecha, até ia abrir em cima mas estava tremendo tanto que resolvi falar por aquela brecha mesmo. Fui com tanta raiva pra xingar o individuo que tocara minha campainha tantas vezes, mas me calei quando com humildade me olhou rápido e me pediu desculpa , assim de supetao sem eu esperar. Era um rapaz lindo, alto magro e forte mas nao tao magro quanto o Daniel nem tao forte quanto o Marcos, tinha o tipo certo, seus cabelos eram curtinhos e seus olhos de cor indefinida, estava vestindo uma daquelas camisetas de decote V masculina de manga cumprida e uma calça jeans rasgada com um sapato social.
-Desculpa-disse ele outra vez- eu nao queria incomodar, mas o som..., bem, nao que eu nao goste mas se puder abaixar um pouco que o meu irmão esta dormindo, se possível.
-Ta, eu, abaixo mas eu nao vou abaixar tanto- nos gaguejávamos muito e meus olhos nao conseguiam encontrar os dele, pela altura, pelo sol, pela vergonha!
- Voce mora a muito tempo aqui?
- Alguns anos, e voce, eu nunca te vi por aqui?
- Eu mudei a quase 2 semanas mas, (rs), sim sou novo aqui - longa pausa- entao eu ja vou, obrigado pelo seu, tempo.
- Imagina... - engoli saliva como se fosse o ultimo gole de agua do mundo, e com ele o nervosismo, ele se virou devagar sorrindo e foi embora pra esquina, talvez comprar um jornal, eu nao sei, mas eu fiqui pensando em qual casa ele deveria morar ja que mal sei da vida dos meus vizinhos, mas agora eu tinha que saber de onde vinha aquele rapaz, a idade correta, a familia tudo! Aí começou minha investigaçao.
Quase me matei por nao ter ido atender a campainha de calcinha e camiseta mesmo e coloquei a bata brega da minha mae de traz pra frente. Tirei-a e joguei no cesto azul junto com outras roupas. Terminei de limpar a sala e a cozinha e ate me esqueci de abaixar o volume do radio, mas infelizmente ele vao voltou pra reclamar. Apos trocar de cd, por um outro tambem gravado da internet so que pelo bom gosto do Daniel, limpei a cozinha super rapido e subi as escadas estreitas da minha casa em direçao aos quartos e banheiros. O quarto da dona sabe tudo, estava iluminado pelo sol e pela luz das pardes bege e brancas, com um gaurda roupa pequeno cor creme. Vi um raio de sol no centro dos travesseiros e observei a poeira que subia, descia e girava naquele ambiente. puxei a colcha e coloquei no cesto junto com as roupas. troquei as fronhas e afofei os travesseiros, fui pro banheiro rapido querendo nao ver meu reflexo no espelho que estava entre o banheiro e o quarto mas voltei porque percebi que emagreci e fiquei olhando praquele corpo e tocando minhas costelas, notei que ainda havia residuos de maquiagem em meu rosto da noite anterior, e bem distinto, no meu rosto, rastros de uma lagrima timida, quase impercebivel, pela otica humana. Uma muscia que eu e Daniel costumavamos ouvir juntos depois durante trabalhos começou a tocar entao eu chorei mas corri pra limpar o banheiro, e chorando oprimidamente fui colocando uma colcha grossa e roxa na cama da minha mae, no banheiro algo perfumado pra dizer que limpei, ja que minha disposiçao foi embora junto com aquela agua que lavava a pia.
Fechei a janela do quarto querendo cortar inultimente a corrente de poeira natural que havia ali, e corri pro meu quarto e rasguei todos os posteres que formavam grande poluiçao visual so deixei um do Ben, no teto, com aquele ar de misterio que me fazia pensar na vida. Nas minhas estantes tirei todos os livros e dvds e abri a janela, os cobertores coloquei no cesto e arrumei meu gaurdaroupa do meu jeito. Peguei a caixa de lembranças que eu e Daniel fizemos a um tempo atras, com fotos de shows e momentos com ele e coloquei no mais profundo esconderijo do meu guarda-roupa pra mim logo esquecer onde colocara e se lembrar que demore pra achar. Coloquei meus dvds e livros em cima, depois cadernos dos anos passados, presentes e roupas que nunca usei, e fechei com um cadeado essa parte do guarda-roupa coloquei a chave em cima da escrivaninha. Peguei o cesto e desci pra sala desliguei o radio, fui tomar banho e nao chorei mais.