sexta-feira, 8 de abril de 2011

Amigos, amigos beijos a parte (pag 11)

Depois o Daniel me levou como se nada tivesse acontecido e me explicou que adiou sua suspensão pra sexta feira (depois de amanha) para que pudesse aproveitar ao máximo a festinha que "fomos" convidados. Certamente todos da escola e boa parte do nosso bairro estará la, só espero que não tenha bebida alcoólica ou qualquer tipo de bebida amarga ou batizada, quero ter certeza do que bebo, do que como, do que faço! Quero acordar na segunda com a felicidade de encontrar meus novos amigos sem dor de cabeça sem cólica sem febre! A verdade é que esta felicidade nunca pertenceu a mim. Era ridículo pensar que eu estava feliz em ir pra escola ou esperar ansiosa por uma segunda-feira e uma rotina tão repetitiva que chega a dar desespero, mas agora eu tinha motivos pra essa ânsia toda, eu conhecia os bons elementos da minha escola, eu havia beijado meu melhor amigo e eu andava com uma garota bem desencanada e desinibida. Eu estava vendo um outro lado de uma mesma nota, a outra face da moeda, ou como acharem melhor, eu estava vendo o mundo de outra maneira, realmente esse era o meu tempo e minha chance, não posso desperdiçar.

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Talvez Daniel tenha chegado em casa e olhado pro celular, computador e telefone fixo pensando em como falar comigo no dia seguinte, eu pensei quase a mesma coisa, eu estava tão confusa, de como que ele iria me ver daqui pra frente, se somos ficantes, namorados, amigos o que? Eu queria ficar no meu quarto pensando naquele momento de desejo, olhando no desenho ridículo de um personagem vivo na minha imaginação, mas um certo telefonema me intrigou, me encabulou, me constrangeu de tal forma que tive vontade de desistir de tentar algo com o Daniel.
No telefone:

- Alooou, oi Laurita, tudo bem com você amor?
- na medida do possível (rs), tenho algo pra te contar...
- AAA eu também, eu conto primeiro ou você?
- POOde ser você vai! rs
- Então, sabe aquele garoto que deu um pau no João? Descobri que ele ta super afim de mim! Sabe eu vi que vocês dois andavam muito juntos, você não me apresentou então eu procurei saber dele pelos outros, e me informaram que não tinha nada a ver vocês dois e tal...
- Hum - pigarriei meio sem jeito por não ter contado nada sobre ele ser meu amigo
- eeentão, eu percebi os olhares dele em minha direção, os sorrisos tímidos e encabulados dele, então eu ouvi um comentário nos corredores de que ele... bom, ele disse algo de mim pra você?
- A... - pequena pausa- não, que eu saiba, mas eu posso perguntar com jeitinho, ele sempre acaba falando...
- PELOAMORDEDEUS - me interrompeu - não diz nada pra ele, por favor, só diz que eu sou bonita, legal sexy que tenho uma tatuagem... NÃO melhor não, só diz... bom que eu vou na festa de sexta e que a gente poderia ir junto, se encontrar na rua da sua casa, não sei, MAS EU TENHO QUE BEIJA-LO!
Era tão esquisito ver uma garota tão desesperada pra ficar com o Daniel, sabe, ele nunca foi desses de tirar o fôlego e a fala de ninguém, pelo contrario, ninguém nunca quis falar com ele, ele espantava as pessoas. Percebi olhando mais de perto depois do beijo que ele é mais bonito, bem mais do que eu pensava. O que eu faria agora? Minha "amiga" gostando do cara que eu acabo de descobrir como um possível casamento feliz. Eu estava exagerando, procurei me acalmar e continuar a ligação como se nada tivesse acontecido, claro que uma conversa com o Daniel mudaria muitas coisas, ou não.
- Laura você ta ai?
- Ann, a sim to, eu tenho que... bom eu direi sim pra ele que iremos todos juntos mas eu não sei se ele vai querer ir já que a festa e do pessoal que não curte muito o jeito dele, sabe talvez ele não vá pra evitar confusões...
- a, faz o possível pra ele ir ta?
- Ta.
E nessa ânsia e sufoco desligamos o telefone juntas sem tchau nem compromissos, de repente minha relação com os meus únicos "amigos" parecia uma eterna falsidade, me veio um sentimento tão ruim, esquisito, cru que eu comi cada ervilha nojenta daquela comida com gosto de plástico, mas as emoções do dia só estavam começando, minha mãe deixou um bilhete dizendo pra mim levar o lixo pra fora e eu após essa BELEZA DE REFEIÇÃO, levei o fedorento na ponta dos dedos, descalça e com um shorts rosa bem fininho acompanhado por uma regatinha branca que eu adoro. Meus cabelos estavam lindamente despenteados e o delineador charmosamente borrado (eu simplesmente tenho taras por coisas mal arrumadas), e na meia ponta levei ate o outro lado da rua que estava a lixeira onde praticamente a rua inteira depositava seu lixo, e la estava dois garotos, um de capacete, couro e taxas, em cima de uma moto pronto a sair, com um violão ou guitarra nas costas, logo um grande barulho o envolveu e o garoto da moto foi embora depois de um comprimento amigável, no seu amigo ou irmão não sei. Este que ficou, era o bom rapaz que veio reclamar do som outro dia, dignamente vestido, uma camisa social, colete e jeans rasgado provavelmente de grife, com o mesmo sapato de outro dia. Seu rosto estava com uma suposta maquiagem básica com resíduos de lápis. Assim que o garoto da moto foi embora, ele me viu, eu tentei correr mas ele veio ate mim e puxou assunto, me chamou pra um passeio informal. Com marra eu aceitei mas pedi que aguardasse para que eu me arrumasse com uma roupa mais decente. Ele esperou eternos 10 minutos, mas quando sai ele ainda estava la, então fomos andar pela estrada de asfalto e merda. Eu tremia um pouco, ele mantinha distancia quis saber dobre mim.

domingo, 3 de abril de 2011

Se te evito é porque te quero (Pag 10)

Eu ouvi meias palavras do que a Carol disse, porque após ficar mais de 4 horas ouvindo a mesma voz aguda, eu só fingia que escutava, e concordava com tudo. Eu consegui tirar muitas informações dela, que ela é observadora e por isso descobriu onde é minha casa, descobri que é muito popular diante dos galinhas da escola por seu jeito paty de ser e descobri que tem uma pequena tatuagem no quadril escrita "ACDC". Bem discreta e bonita, mas eu faria uma rosa na nuca, ou algo assim, eu mudo tanto de opinião, que daqui uns meses eu posso não gostar da mesma banda.
A primeira aula era teórica de artes e ela falava da origem da arte de natureza morta, pinturas de objetos parados e pediu pra que nos comprássemos uma nova tela pra fazer mais que um cesto de fruta mas aquilo que chamou que vem do coração. Como exemplo ela pegou meu quadro e disse que eu pintara enquanto sonhava e me distraia da aula pra pensar no que realmente me inspirava. Com suas ideias mirabolantes, disse que começássemos com um pequeno vaso de flores e que depois deixássemos nossa imaginação e coração nos guiar. Fiquei sem graça pelo comentário e a sala soltou um ''OOOHHH'' diante da minha "arte". Na troca de aula, Daniel veio conversar comigo e nossa o corte estava um charme, apesar das linhas penduradas. No começo da aula foi rodeado de meninas e alguns nerds, fans de artes marciais e coisa parecida, nada de um dos valentões levantarem pra enfrenta-lo numa revanche ou algo parecido. João por sua vez, deveria estar em sua casa com dor na face, pensando em uma maneira de dar o troco talvez.
Eu o olhava com o olhar que olhava os meninos novos da escola com grande frieza e nervosismo, ele por sua vez não notou e eu fui logo dizendo que não liguei pra ele porque estava muito cansada e de tantas explicações, Daniel me ignorou e se juntou comigo daquele jeito dele de me fazer rir do nada, sempre a me impressionar, fingiu começar a fazer a lição de matemática e foi logo perguntando da Carol, se achava que tinha chances com ela etc.
De primeira, se fosse ontem, antes da briga, certamente eu diria que não, mas depois de tudo que fiquei sabendo da Carol, e da valentia vista no Daniel, achei os dois um belo par, só que o Daniel iria precisar de um pouco mais de grana e uns quilinhos a mais. Não falei a parte da grana, mas ele riu ao saber dos quilinhos que teria que ganhar. Pegou um pacote de chicletes sem açúcar então brinquei: "daqui por diante só os bem açucarados e se der com chocolate e ingredientes complementares, muuuuuuuito gordurosos!" Ele riu de novo, e pra me fazer riu mais pegou um potinho com bolo de chocolate da mãe dele e começou a se empanturrar no meio da sala, quase que não me da um pedaço, consegui só raspar o que havia no pote, e o professor ficou muito bravo, não pela bagunça mas por não ter deixado pra ele.
No intervalo nos distanciamos, muitas meninas rodiaram o Daniel gatão, muitas tocaram sem seus pontos e ele fazia umas graças, já eu estava quase no mesmo nível de popularidade, quando a Carol me apresentava todos aqueles machos que curtem rock e eu nem sabia. Todos eles me olharam como olharam pra Carol, com esperanças de algo mais que amizade, pelo menos foi o que eu senti. Tirei o cabelo do rosto ainda umido e de longe vi o Marcos me observando tomando energético caro se recusando a compartilhar com os amigos, para provoca-lo mexi no cabelo de um dos meninos e fiz um carinho no rosto dele, Marcos se retirou do pátio e falou grosso com uma de suas amigas, eu ri pra dentro e quando tocou o sinal eu só entrei depois que o professor estava na sala. Meu msn foi repassado a todos e eles mais alguns através de Bluetooth junto com meu n° do celular. Um deles era o garoto que me avisava da revanche, ele ficava mandando mensagens toscas pra que eu levasse bronca ou algo assim, mas estava no silencioso, e eu as respondi de maneira que quem levou a bronca foi ele. A ultima mensagem foi a seguinte: "Bicha má!" E foi convidado a se retirar da sala.
Mas recebi outra muito suspeita, era do Marcos :"Preciso falar com vc, me encontra na saída, naquele lugar"
"AQUELE LUGAR", era o local onde a gente conversava, bem atrás da escola entre um arbusto e um poste, la era o local onde eu perdoava todos os pecados dele e a gente voltava a comete-los ainda piores. Eu decidi não ir, mas eu tinha que passar por la pra ir pra casa, Carol foi pra um lado e Daniel foi levar uma garota ate o ponto de onibus. Eu vi a figura do grandao, encostado no poste e tentei passar o mais rápido possível mas ele me agarrou forte no braço e não deixou que eu passasse antes de falar com ele. Eu vi espuma no canto dos seus lábios e lágrimas oprimidas em seus olhos e escutei tudo o que ele tinha pra falar, bem forçada. Ele tentou me beijar a força e me machucou. Minha pele branca ficou roxa nos pulsos então veio Daniel correndo parando o transito e empurrando Marcos com sua força de reserva, dizendo pra me soltar e diversas outras coisas, eu entrei no meio dos dois e implorei pela paz mundial, as meninas olhavam boquiabertas do outro lado da rua, mas não houve nada, um fez ameaças ao outro e o Marcos logo foi embora com o rabo entre as pernas.
Me abraçando, ele partiu o coração de todas as meninas que o rodeavam e me fez lembrar do meu jeito natural e inseguro de ser. Logo começou a chover e ele me envolveu em sua jaqueta de couro e me levou ate o portão de um mercadinho, já que a chuva estava aumentando. Eu fiquei calada a viagem inteira e ele também, até que ele não aguentou aquele grito de silencio:
- Precisava mesmo de um fortão e uma loira gostosa pra gente voltar a se falar?
- O que como assim?
- Você sabe, não retornou meus telefonemas, não procurou saber como estava... Nem percebeu que era pra mim estar na suspensão!
- Não é isso, eu andei muito nervosa depois daquele show, uma dor de cabeça enorme eu não tive como pensar em você...Ok, eu sou uma egoísta compulsiva mas tem dias que você tem que evitar as pessoas para que elas possam te aceitar, minha mãe uma vez disse isso.
- Não sou um carente idiota precisando de alguém que me proteja ou que esteja comigo sempre mas, eu preciso de opiniões sinceras que só você pode dar. Você não poderia enfrentar aqueles caras, mas eu não sou um coitado, como você já viu, eu escondo minhas habilidades e as uso quando necessário.
- Chega de discursos ridiculos você esta parecendo o Marcos!
Joguei o casaco dele no colo e sai o mais rapido que pude, arrastando meu material pelo chão ele puxou, eu cai no seu colo. Eu vi os olhos dele brilhando perto dos meus, a respiraçao, o coração. Do angulo eu via poucos pelos timidos brotando em seu queixo e quao rosa sao seus labios, nao resisti, eu o beijei. Ele retribuiu como se tivesse planejado aquele momento a anos, pra falar a verdade, estava na hora daquilo acontecer mesmo. Apos longos tres segundos, ele me olhou e me disse da forma mais fria que poderia ser:
- Faça o que quiser comigo, me chama de qualquer coisa, mas nao me compare aquele idiota.