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Talvez Daniel tenha chegado em casa e olhado pro celular, computador e telefone fixo pensando em como falar comigo no dia seguinte, eu pensei quase a mesma coisa, eu estava tão confusa, de como que ele iria me ver daqui pra frente, se somos ficantes, namorados, amigos o que? Eu queria ficar no meu quarto pensando naquele momento de desejo, olhando no desenho ridículo de um personagem vivo na minha imaginação, mas um certo telefonema me intrigou, me encabulou, me constrangeu de tal forma que tive vontade de desistir de tentar algo com o Daniel.
No telefone:
- Alooou, oi Laurita, tudo bem com você amor?
- na medida do possível (rs), tenho algo pra te contar...
- AAA eu também, eu conto primeiro ou você?
- POOde ser você vai! rs
- Então, sabe aquele garoto que deu um pau no João? Descobri que ele ta super afim de mim! Sabe eu vi que vocês dois andavam muito juntos, você não me apresentou então eu procurei saber dele pelos outros, e me informaram que não tinha nada a ver vocês dois e tal...
- Hum - pigarriei meio sem jeito por não ter contado nada sobre ele ser meu amigo
- eeentão, eu percebi os olhares dele em minha direção, os sorrisos tímidos e encabulados dele, então eu ouvi um comentário nos corredores de que ele... bom, ele disse algo de mim pra você?
- A... - pequena pausa- não, que eu saiba, mas eu posso perguntar com jeitinho, ele sempre acaba falando...
- PELOAMORDEDEUS - me interrompeu - não diz nada pra ele, por favor, só diz que eu sou bonita, legal sexy que tenho uma tatuagem... NÃO melhor não, só diz... bom que eu vou na festa de sexta e que a gente poderia ir junto, se encontrar na rua da sua casa, não sei, MAS EU TENHO QUE BEIJA-LO!
Era tão esquisito ver uma garota tão desesperada pra ficar com o Daniel, sabe, ele nunca foi desses de tirar o fôlego e a fala de ninguém, pelo contrario, ninguém nunca quis falar com ele, ele espantava as pessoas. Percebi olhando mais de perto depois do beijo que ele é mais bonito, bem mais do que eu pensava. O que eu faria agora? Minha "amiga" gostando do cara que eu acabo de descobrir como um possível casamento feliz. Eu estava exagerando, procurei me acalmar e continuar a ligação como se nada tivesse acontecido, claro que uma conversa com o Daniel mudaria muitas coisas, ou não.
- Laura você ta ai?
- Ann, a sim to, eu tenho que... bom eu direi sim pra ele que iremos todos juntos mas eu não sei se ele vai querer ir já que a festa e do pessoal que não curte muito o jeito dele, sabe talvez ele não vá pra evitar confusões...
- a, faz o possível pra ele ir ta?
- Ta.
E nessa ânsia e sufoco desligamos o telefone juntas sem tchau nem compromissos, de repente minha relação com os meus únicos "amigos" parecia uma eterna falsidade, me veio um sentimento tão ruim, esquisito, cru que eu comi cada ervilha nojenta daquela comida com gosto de plástico, mas as emoções do dia só estavam começando, minha mãe deixou um bilhete dizendo pra mim levar o lixo pra fora e eu após essa BELEZA DE REFEIÇÃO, levei o fedorento na ponta dos dedos, descalça e com um shorts rosa bem fininho acompanhado por uma regatinha branca que eu adoro. Meus cabelos estavam lindamente despenteados e o delineador charmosamente borrado (eu simplesmente tenho taras por coisas mal arrumadas), e na meia ponta levei ate o outro lado da rua que estava a lixeira onde praticamente a rua inteira depositava seu lixo, e la estava dois garotos, um de capacete, couro e taxas, em cima de uma moto pronto a sair, com um violão ou guitarra nas costas, logo um grande barulho o envolveu e o garoto da moto foi embora depois de um comprimento amigável, no seu amigo ou irmão não sei. Este que ficou, era o bom rapaz que veio reclamar do som outro dia, dignamente vestido, uma camisa social, colete e jeans rasgado provavelmente de grife, com o mesmo sapato de outro dia. Seu rosto estava com uma suposta maquiagem básica com resíduos de lápis. Assim que o garoto da moto foi embora, ele me viu, eu tentei correr mas ele veio ate mim e puxou assunto, me chamou pra um passeio informal. Com marra eu aceitei mas pedi que aguardasse para que eu me arrumasse com uma roupa mais decente. Ele esperou eternos 10 minutos, mas quando sai ele ainda estava la, então fomos andar pela estrada de asfalto e merda. Eu tremia um pouco, ele mantinha distancia quis saber dobre mim.