quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sã mas não salva (pag 16)

Logo vi sua mão esquerda deslizar do meu rosto ao meu pescoço e ombro. Alcançou a fina alça do meu vestido e aumentando minha excitação, fez meu coração palpitar ainda mais forte. Eu queria fugir mais tinha curiosidade da reação dele, o que fazer agora? Eu esperei, e sua mão esquerda abaixou a alça do meu vestido dourado, me senti envergonhada, parecia que alguém, apenas uma pessoa estava ali me observando, mas quem? Talvez Deus pelos meus pecados. A verdade é que eu o olhava firme com medo e ele com a mesma cara de tonto de horas atrás. Me dava medo, me causava um misto de curiosidade e medo. Ele tocou meu seio direito por cima do vestido e logo depois se inclinou e beijou meu rosto. Depois um beijo no pescoço fez gritar um arrepio e novamente tentou um beijo quase abaixando a alça do meu vestido. Senti mais forte o vestido sobre meu corpo e um empurrão mais forte fez brochar todo o encanto, tirei minhas sandálias e deixei uma para trás pelo choque do momento, dando uma de Cinderela ou coisa assim. Já havia me esquecido que o motivo daquilo tudo era o Renato e que um beijo naquele momento seria como trai-lo. Fabrício gritou forte o meu nome e alguns olharam, tropecei no garoto que havia esbarrado antes e eu falei um palavrão ridículo quase que sussurrando, e ele ficou sem reação e eu fui ao encontro de Daniel pra gritar que queria ir embora, mas ele estava ocupado dando um beijaço na Carol que enfim, alcançou seu objetivo. Decidi tirar a sandália que me restou e fui embora descalça me sentindo inútil e ridícula. Machuquei um pouco meus pés e tive vontade de gritar de novo aquele palavrão de instantes atrás, mas ao invés disso pensei alto: "Não vou trair o Renato nem pelo sardento, nem pelo Bono Vox". Quando cheguei quis ir correndo pro quarto, mas acabei atrapalhando um jantar no jardim e minha mãe surpresa quis saber porque cheguei tão cedo ( e já era mais de 1 hora da manha), percebi que estava atrapalhando um jantar romântico entre ela e meu padrasto, fiquei muito sem graça mas apenas esbocei uma resposta antes de me deitar:
- Dancei, conversei, fui sociável ate demais, agora eu cansei.
Percebi ao deitar-me, que o álcool não me embebedou dessa vez, eu estava sã, mas isso não me deixava nem segura e muito menos salva de todos aproveitadores que estavam sobre efeito desse mal.
Senti um certo incomodo pelo beijo da Carol e do Daniel mas procurei dormir o mais rápido que pude.
Minha mãe estranhou e foi atras de mim, fingi que estava dormindo mas mostrando que estava sã por responder perfeitamente cada pergunta dela como: "Você ta bem? Qualquer coisa me chama ta?", mas ele mal se importou comigo quando foi correndo pro quarto com o meu padrasto, pra fazer aquilo que eu não quero pensar.

A "tal festa" (pag. 15)

Enquanto esperava o pessoal na frente da minha casa, senti que estava sendo observada, achava que esse tipo de sensação fosse apenas uma frase clichê de filme, mas eu realmente senti que estava sendo observada. Talvez pela minha roupa, não estava acostumada com decote nem com salto agulha, eu estava me enjoando de mim mesma. Não queria que ninguém me visse naquela maneira ate que os três chegaram e me olharam de cima a baixo sem entender. O Fabrício estava com uma cara de idiota (o Daniel também me olhava estranho), e sorriu segurando minha mão.
- Conceda-me a honra diviníssima dama?
Olhei para os lados e senti vergonha por ouvir aquilo. Para não deixa-lo no vaco, já que sua mão direita estava estendida a exatos 30 segundos, dei a mão pro rapaz, mas não sorri nem respondi sua pergunta, apenas senti remorso ao ver seu rosto avermelhado não só pelas sardas, mas também pela vergonha que eu tinha causado no pobre garoto. Ouvi sussurros e risadinhas de cochichos entre Daniel e Carol, mas meio que ignorei, a situação era mais constrangedora do que eu pensava. Quando cheguei não encontrei quem gostaria de encontrar, mas percebi que só eu estava usando aquele tipo de roupa. Um jardim extenso marcado com um belo gramado e uma mesa muito charmosa, a qual sentei depressa para descansar os pés sem ser notada. Ludmylla largou suas amigas e veio correndo ao nosso encontro. Nós quatro não esperávamos tais reações a seguir. A primeira foi que ela empurrou o Fabrício e eu para um abraço caloroso no Daniel que não respondeu aquele ato inesperado. O segundo foi o olhar maléfico contra a Carol que retribuiu de uma forma que parecia que ia sair faíscas. Deu as costas e saiu rebolando seu quadril magro e passou grande parte da festa olhando para os quatro tímidos da mesa do jardim. Eu já havia tirado as sandálias e relaxava ate perceber que Fabrício havia colocado aparelho nos dentes. Ele conversou um pouco sobre a dor que sentia, mas apesar do meu preconceito contra pessoas que usam aparelho, notei que era bem discreto e que aquilo não iria atrapalhar muito caso eu tivesse um namorado com aparelho. Pra quebrar o gelo ele pegou umas bebidas e trouxe em uma bandeja parecendo um garçom idiota, percebi que tinha chegado a um ponto critico tentando me agradar. Aceitei apenas por ter a certeza que se tratava de uma coca-cola. Enquanto isso não havia assuntos para conversar e meu desejo era fugir dali, Daniel e Carol se entreolhavam raramente como se quisessem fazer algo longe dali eu facilitei dizendo que ia no banheiro, era o único lugar que eu podia ficar longe do Fabrício, embora ele quase foi atrás de mim. Notei alguns olhares estranhos sobre mim e senti um cheiro de bebida forte. Ouvia um rock agradável e vi que tinha uma banda num palco improvisado no jardim de traz. Quando voltei do banheiro, era um pouco tarde, o pessoal já estava um pouco mais bêbado e Fabrício estava me esperando. Esbarrei num dos integrantes da banda que foi tão arrogante comigo que quase falei um palavrão, mas o Fabrício iria me defender como um herói idiota, deixei pra la, me comportei como uma dama ¬¬'. Quando ia me falar mais grosserias, olhou pra mim com certa admiração e vomitou "sinceras desculpas" me soltei daquela situação e fui descendo pelo gramado atrás do Fabrício e escorreguei na grama. Ninguém notou, acharam que eu era mais uma bêbada, então eu fiquei deitada ali ate que o Fabrício veio me socorrer. Ao invés de me levantar e me sacudir, deitou do meu lado como se aquilo fosse um convite e me fez ficar olhando para aquele rosto sardento por longos minutos. Tentou falar alguma coisa mas não saiu nada, o que eu fiz foi encara-lo firmemente, até que ele se aproximou querendo me beijar eu empurrei sentindo um cheiro estranho de álcool e ele meio que não se importou e voltou a me encarar. Disse que era linda e passou a mão numa mecha fina que caia nos meus olhos, depois passou a mão na minha cabeça e apertou forte, eu estava com medo, sentindo-me presa naquela situação, e ele tentou de novo outro beijo o empurrei mais forte e disse que não queria. Com uma voz mole respondeu carinhosamente:
- Não quero forçar nada, não vou forçar nada!
Falou e cumpriu, porque a próxima situação não foi forçada, foi como uma sedução que eu cedi. Continue lendo que irá descobrir.

Quem procura acha! (pag. 14)

Entre minhas pernas encontrava-se uma incógnita, eu tive um receio, senti um arrepio, mas mesmo assim não exitei em abrir a grande tampa, da grande caixa branca quadrada. Eu estava com o vestido, e achei que aquela cena em algum momento deveria ser retratada, parecia cinematográfica, tipo um desenho colorido com uma luz forte vindo da janela refletindo na caixa branca destacando meus olhos e o vestido que pareciam estar na mesma sintonia...
A primeira coisa que vi foi uma rosa murcha, vermelha sem espinhos, sem vida. Seu galho estava esmagado como papel e qualquer movimento em falso poderia desmancha-la ali mesmo, por isso com cuidado a peguei, a ergui, e a deixei do meu lado enquanto vasculhava outras coisas. Até ai tudo bem, mas algo me trouxe um misto de náuseas e um êxtase de curiosidade. Haviam algumas lingeries bem escrotas, tipo umas sinta ligas alá "Betty Boop", uns cremes para massagem erótica e outras coisas com cheiro de canela. Nesse momento ri alto, não imaginava que minha mãe tivesse uma vida sexual ativa. Havia também, alguns papeis estavam bem amassados e manchados de algum liquido. Estavam rasgados nas laterais, sem que nenhum rasgo chegasse a nenhuma letra das cartas, como se quisessem rasgar mas no meio do caminho perdessem a força e a coragem e preferiram sofrer com aquela espécie de masoquismo...
Uma das cartas chamou a minha atenção. Estava como uma bola amassada e eu tive trabalho de abrir. Aos poucos fui desenrolando o papel. Era de folha de caderno simples, porem possuía um cheiro de perfume, mas um perfume vencido. Antes de começar a ler, lembrei como um fantasma a voz da minha mãe proclamando o direito a privacidade e como ela nunca havia violado a minha (que eu saiba), achei injusto naquele momento ler qualquer cartão postal idiota contido naquela caixa. Percebi quão grande e idiota era minha empatia momentânea e que aquilo não passava de um péssimo momento pra explorar a vida pessoal da minha mãe, afinal já era tarde e eu precisava me arrumar pra tal festa. Algo gritante foi possível notar: o manequim das lingeries eram 38, sem experimentar, eu já sabia que cabiam perfeitamente em mim - cá entre nos que não há nada mais anti-higiênico do que experimentar lingeries alheias -, o motivo desse detalhe, podia estar esclarecido nas cartas, mas eu achei melhor ler em outra ocasião, ainda tinha que me aprontar pra tal festa.
Um belo banho tomei, e o vestido coloquei, um salto agulha não dispensei, estava igual a minha mãe numa foto de formatura. Mas eu queria fazer de tudo pra ficar mais velha e elegante, não custava nada, eu só queria estar a altura do belo rapaz que eu havia conhecido. E com esperança, sonhava encontrar, mesmo indo acompanhada quase que forçada por um rapaz que não merecia nada daquilo.