Depois da grande fachina, da qual lavei o exterior e interior, achei que era meu tempo, de descansar da maneira mais moderna que há, na internet. Peguei mais um copo daquele suco com gosto de geladeira e liguei o notbook da minha mae no meu quarto na maravilhosa net 3G. Entrei no MSN invisivel porque pressenti que Daniel estaria online, e ele estava, com o subnick da seguinte forma: "3 pontos na sobrancelha, hoje eu quase mato um", curtindo seu ato de heroismo e machismo, e espalhando pra todos uma nova fama, bem a cara dele se aproveitar de situaçoes.
Novo convite:
Aceitar/Recusar
Aceitei mas assim que a vi no msn fui implorar que nao me desmascare e ela logo me aliviou. Nao quis saber do assunto de outrora, nem se eu estava melhor, fomos descontraidamente conversando sobre outros diversos assuntos, mas nao tirou minha duvida:
- Como conseguiu meu e-mail?
- Tenho minhas fontes...
- Que fontes nao tenho ngm da escola,
- Tem o Marcos, tem o Daniel, alias Daniel é o garoto que estourou a cara do Junior hoje né?
- Como sabe?
- Ja disse que tenho minhas fontes.
- Ok, nao insisto mais.
- sabe eu to aqui numa rua bem bonitinha na frente de uma casa com um portao verde merda, com o numero 56, será que voce pode, me localizar?
Ela se encontrava exatamente em frente a minha casa, corri pra ver se era verdade, dessa vez com a vassoura na mao, so por precaução e com um ropao bem sexy. Abri todas as trancas desta vez, e la estava ela, glamurosa, com uma maquiagem perfeita, um traço lindo de delineador nos olhos e os cabelos presos num coque enorme, sua roupa nao tao paty, mas bem glam rock, uma mistura de gliter com preto, chamei pra entrar e ela ficou bem a vontade. Estava com um daqueles novos smartphones, ela subiu no meu quarto e se maravilhou de uma forma que eu estranhei, se jogou na cama, viu que era de mola e sorriu, eu vi que ela era amiga que eu pedi pra Deus ou pelo menos parecia.
Com seu sorriso excitado ela olhou pro teto e viu o Ben, admirou, analisou seus traços e confessou:
-Sou mais o Slash, Axl, vale até o Bono Vox, não sei, achei esse aí meio fraco,nao deve ter pegada!
-Ele tem as melhores pegadas, ele sabe meus pontos fracos e ainda abusa.- deitei do lado dela e suspirei. Ela virou pra mim apoiou a cabeça na mao, me olhou de forma equivocada.
- Quais sao os seus pontos?
- Ta vendo o olhar dele, começa por ai, me olha sem medo me enfrentando como seu eu fosse a soluçao dos seus problemas, o seu cabelo despenteado mostra uma personalidade unica, tem as maos mais lindas do mundo, sem falar no volume das calças!-rimos e apontando no rosto do Ben, continuei- ta vendo os labios, sem vontade de rir? Ele nao precisa rir, mas se notar no canto direito da boca, um sorriso surgindo como se ele enfim tivesse um verdadeiro motivo pra sorrir, que valesse a pena, de quebrar um tabu, uma ordem, uma regra.
- Gran poeta, pero demasiado cursi!
- Eu gosto de inventar personagens, o Ben é o meu sonho de consumo, que acho que esta mais perto do que nunca.
- Entao vai atras.
- Eu mal sei onde mora, seu nome, sua vida...
- O que sabe sobre ele, alguma informaçao, uma dica nada?
- Diz que é meu vizinho, mas nunca o vi.
- Universitario, empregado numa dessas boas empresas, ocupado o dia inteiro.
Eu condeno o interesse extremo em dinheiro da mulher do seculo XXI mas me imaginei ao lado de um super empresario, grisalho e charmoso e cobiçado que seu passatempo favorito fosse me agradar com inumeros presentes carissimos. Eu teria filhos e continuaria com um corpo perfeito, fora os outros privilegios da classe alta. Conversamos por mais de duas horas e tomamos mate das cinco com torradas e trakinas, descobri o quanto Carol é fiçurada por bolachas recheadas como eu e com o seu super smartphone ouvimos os classicos rock's sem nenhuma reclamaçao até que minha mãe chegou. Com aquele olhar frio e o sorriso sem graça de quem foi cortada, prestes a anunciar algo como: "minha depiladora intima me alertou sobre os cuidados com a higiene", minha mae cumprimentou Carol e de carro a levamos pra casa, ja eram mais de 20:00 horas.
Na volta, o cabelo channel da minha mae ja estava mais que arrepiado, aquele loiro passado com fios timidos brancos que no couro se escondia, me lembrava o quanto ela precisava ir ao salao recolorir e hidratas os fios. Mas como boa psicologa e com ar de quem nao quer nada começou suas declaraçoes de mae:
- Eu gostei dela. É bom voce se relacionar com outras pessoas alem do Daniel, buscar popularidade, se entreter, e usar tudo isso para seu favor, realizaçao pessoal, sabe isso faz bem...
- Mãe eu nao sou sua paciente.
- Ai desculpa, so fiquei impressionada com a garota, ela parece ser bem diferente de voce, mas e a dor de cabeça passou?
- Eu acabei esquecendo de sentir dor.
- Suas dores de cabeça sao mesmo psicologicas.
- obrigada por lembrar, ja sao 21 horas, hora das enxaquecas com pontadas!
Quando chegamos, estava la, o Romeu, meu paidrasto, tentando se adaptar as inuteis regras da minha mae de deixar o carro na rua de segunda e quarta. Ele tentava abrir o portao que era automatico. Ela começou uma das suas discussoes melosas que acabavam com beijos tecnicos e secos, um nojo! Chama ele de bem, de amorzinho, esta passando pela crise da meia idade ou algo assim, ela repitiu algo parecido pra mim todos os dias quando completei 12 anos.
Eles sentaram no sofa e preparam tudo pra uma sessao de filmes antigos, que eu adoro, mas estava meio cansada, so algo me deu uma acordada. Romeu me olhou e seus oculos enormes refletiram a luz da tevê e disse:
- Daniel aquele seu amigo te ligou, assim que eu cheguei.
Olhei fixo pra ele, depois olhei o telefone perto da poltrona do "canto da leitura" e meio que ignorei, meu sono profundo durou menos de 8 horas e Daniel me esperava na esquina perto da escola, pra me salvar, logo chegou a Carol me contando um monte de fofoca, e eu fingi que nao o vi e entrei direto pra sala.
