quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Quem procura acha! (pag. 14)

Entre minhas pernas encontrava-se uma incógnita, eu tive um receio, senti um arrepio, mas mesmo assim não exitei em abrir a grande tampa, da grande caixa branca quadrada. Eu estava com o vestido, e achei que aquela cena em algum momento deveria ser retratada, parecia cinematográfica, tipo um desenho colorido com uma luz forte vindo da janela refletindo na caixa branca destacando meus olhos e o vestido que pareciam estar na mesma sintonia...
A primeira coisa que vi foi uma rosa murcha, vermelha sem espinhos, sem vida. Seu galho estava esmagado como papel e qualquer movimento em falso poderia desmancha-la ali mesmo, por isso com cuidado a peguei, a ergui, e a deixei do meu lado enquanto vasculhava outras coisas. Até ai tudo bem, mas algo me trouxe um misto de náuseas e um êxtase de curiosidade. Haviam algumas lingeries bem escrotas, tipo umas sinta ligas alá "Betty Boop", uns cremes para massagem erótica e outras coisas com cheiro de canela. Nesse momento ri alto, não imaginava que minha mãe tivesse uma vida sexual ativa. Havia também, alguns papeis estavam bem amassados e manchados de algum liquido. Estavam rasgados nas laterais, sem que nenhum rasgo chegasse a nenhuma letra das cartas, como se quisessem rasgar mas no meio do caminho perdessem a força e a coragem e preferiram sofrer com aquela espécie de masoquismo...
Uma das cartas chamou a minha atenção. Estava como uma bola amassada e eu tive trabalho de abrir. Aos poucos fui desenrolando o papel. Era de folha de caderno simples, porem possuía um cheiro de perfume, mas um perfume vencido. Antes de começar a ler, lembrei como um fantasma a voz da minha mãe proclamando o direito a privacidade e como ela nunca havia violado a minha (que eu saiba), achei injusto naquele momento ler qualquer cartão postal idiota contido naquela caixa. Percebi quão grande e idiota era minha empatia momentânea e que aquilo não passava de um péssimo momento pra explorar a vida pessoal da minha mãe, afinal já era tarde e eu precisava me arrumar pra tal festa. Algo gritante foi possível notar: o manequim das lingeries eram 38, sem experimentar, eu já sabia que cabiam perfeitamente em mim - cá entre nos que não há nada mais anti-higiênico do que experimentar lingeries alheias -, o motivo desse detalhe, podia estar esclarecido nas cartas, mas eu achei melhor ler em outra ocasião, ainda tinha que me aprontar pra tal festa.
Um belo banho tomei, e o vestido coloquei, um salto agulha não dispensei, estava igual a minha mãe numa foto de formatura. Mas eu queria fazer de tudo pra ficar mais velha e elegante, não custava nada, eu só queria estar a altura do belo rapaz que eu havia conhecido. E com esperança, sonhava encontrar, mesmo indo acompanhada quase que forçada por um rapaz que não merecia nada daquilo.

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