sábado, 25 de maio de 2013

Calor e desprezo (pagina 19)

Foi aí que eu percebi que estava prestes a começar um romance. Eu corri atrás dele com sede de vida como quem corre atrás do seu único amor, a pessoa que você sabe que não pode deixar escapar pois não haverá outra chance. Eu não sei o que deu em mim. Eu perdi a razão, não quis disfarçar meus medos, minhas emoções eu tava com sede de amor. Eu corri e parei, acreditem: em cima da casinha de um parquinho que por sorte, estava abandonado, as crianças resolveram não passar por ali. Fiquei ali de cima observando os seus traços, eu quis gritar mas na hora apareceu Daniel atrás de mim meio assustado/surpreso e fez questão de subir na casinha. Carol resolveu ficar la sentada esperando porque provavelmente Daniel a teria informado que me conhecia e sabia das minhas crises, que era melhor conversar comigo ou coisa assim. Mas antes que ele subisse, Renato notou minha presença e olhou pra mim com aqueles lindos olhos, sorriu, acenou e continuou seu percurso como se não devesse satisfações por ter furado na festa, tratou todo o meu trabalho como um lixo, mas no fundo aquele sorriso, aquele olhar valeu muito a pena.
 Daniel se ajeitou atrás de mim segurou no parapeito da casinha e perguntou calmamente: "Você o conhece da onde?" E eu sem demora, voltando do encanto simplesmente respondi com secura: "Ele é meu vizinho só isso".

Daniel:
- Um vizinho que te faz correr do nada, subir num playground e te fazer ficar sem folego por um sorriso.
Eu:
- Cara, você é gay?
Daniel:
- Não foge do assunto. Sei que não demonstra fácil seus sentimentos mas agora não está conseguindo controlá-los, por que?
Eu:
- Eu não sei, perdi a noção das coisas.
Daniel:
- Quase ele não te notou, eu não consegui entender essa reação.
Eu:
- Eu também não entendi. Por que ele me notaria?
Daniel:
- Pela sua beleza.

Corei na hora mas abaixei o rosto porque não quis demonstrar minha reação mas eu sentia que ele estava olhando pra mim, se aproximando, eu sentia o seu calor mas o que eu pude fazer naquele momento é dar as costas pra ele descer pelo escorregador como acontece com minhas emoções: Sobem por uma escada bamba até o auge e logo descem depressa deslizando até o chão e me fazem ficar estagnada num conformismo enlouquecedor e assim eu sigo até que eu tenha outro motivo pra perder a razão.

Obs: Onde está em tachado significa que eu pensei mas não disse.

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